Mais
poder político para as mulheres!
UBM no 8
de março de 2013
O Brasil do início do século XXI mostra avanços na
vida das brasileiras, em especial das negras, pobres e chefes de família. No
entanto, as exigências para nosso país, de importância político-estratégica
mundial, se tornam ainda maiores, quando mais da metade da sua população ainda
é a parcela a ser mais beneficiada por políticas públicas efetivas que tanto
atendam às especificidades femininas, como se articulem com o conjunto de
reformas estruturais necessárias a um novo projeto nacional de desenvolvimento.
As mulheres brasileiras, hoje, se voltam para um
debate sobre a necessidade de implementar políticas de Estado capazes de
contribuir para o enfrentamento de todas as formas de violência; para a
promoção da igualdade salarial entre homens e mulheres; para a garantia dos
direitos sexuais e direitos reprodutivos; para o combate a todas as formas de
racismo, homofobia e intolerância religiosa; para a prevenção, denúncia e
punição de crimes de tráfico de mulheres e escravidão sexual; para a promoção
da imagem da mulher real pelos mais diferentes meios de comunicação de massa.
Para que tais bandeiras estejam asseguradas, não há
outro caminho: as mulheres precisam estar no centro da ação política, não para
substituir os homens, mas para assumir, também, a esfera pública como espaço de
atuação, elaboração e visibilidade políticas. Aprofundar o poder político das
mulheres nas mais diversas esferas de decisão é assegurar nossa participação no
espaço público, em condições de intervir nas grandes questões sociais,
políticas, ambientais, econômicas e culturais, atingindo, diretamente, a vida
das mulheres e do povo.
Neste 8 de março, reafirmamos nosso compromisso com
as gerações de mulheres brasileiras em sua diversidade de raça, cor, orientação
sexual, condição física e escolha religiosa. Donas de nossas vidas, de nosso
corpo, de nossas escolhas, estamos mais vivas, vigilantes e combativas do que
nunca. Organizadas e atuando politicamente, ao lado das forças populares,
avançadas e democráticas, devemos garantir:
1 - a reforma política, com financiamento público
de campanha, garantia de coligações proporcionais e lista fechada com
alternância de gênero. Cumprimento da lei que garante a cota de 30% para
candidaturas femininas, a aplicação de 5% do fundo partidário para formação
política das mulheres como forma de favorecer o ingresso e melhores condições
de disputa para as candidaturas femininas e 10% do tempo de TV para as
mulheres;
2 - a democratização da mídia, como forma de
enfrentar a criminalização dos movimentos sociais e das forças progressistas de
nosso país, além de contribuir para a veiculação da imagem da mulher real:
inteligente, trabalhadora e capaz de estar na política, e não como um corpo de
consumo a ser explorado;
3 - a redução da jornada de trabalho de 44 para 40
horas. A aprovação do PL 4857/2011que garante igualdade salarial e de condições
de trabalho entre homens e mulheres, como forma de incentivo à vida
profissional e acadêmica das mulheres. A redução dos juros e o desenvolvimento
de uma política econômica que permita o desenvolvimento das forças produtivas
com a geração de trabalho que beneficie as mulheres e toda a sociedade.
4 - o fortalecimento do SUS com garantia de
ampliação da rede de atendimento e respeito ao corpo e à diversidade das
mulheres, nas muitas fases de suas vidas.
5 - garantia de redes de equipamentos sociais
(creches, lavanderias e restaurantes públicos, centros de convivência) que
possam contribuir para a liberação das mulheres ao espaço público, ao mundo das
artes, da educação, da cultura, e da ciência, minimizando a dupla jornada de
trabalho;
6 - a legalização do aborto como forma de fazer
cumprir a agenda dos direitos sexuais e direitos reprodutivos das mulheres como
um direito humano, enfrentando o aborto clandestino como um grave problema de
saúde pública que mata milhares de mulheres todos os anos;
7 - a defesa intransigente da aplicação da Lei
Maria da Penha nos atos de violência contra a mulher, com a instalação de
delegacias especializadas, juizados especiais, centros de referência e
casas-abrigo, lutando pelo fim de todo tipo de violência contra mulheres e
meninas;
8 - a criação de secretarias de políticas para as
mulheres nos estados e municípios brasileiros como forma de incentivar e
garantir a elaboração, execução e monitoramento dos Planos de Políticas para as
Mulheres, assim como a constituição dos conselhos, que possibilitam a
efetivação do controle social;
9 - a proteção de nossas meninas e mulheres da
exploração sexual comercial e do tráfico de mulheres, que faz vítimas cada vez
mais jovens em nosso país;
10 - o fim de todo tipo de desigualdades e
discriminações em relação ás mulheres negras, indígenas, jovens, idosas,
lésbicas, trabalhadoras rurais, trabalhadoras domésticas, com deficiência e
soropositivas.
É hora de avançar. Lutar decisivamente para
mobilizar e fortalecer a participação política das mulheres para consolidar
cada vez mais sua emancipação e de toda humanidade, na perspectiva da conquista
de uma sociedade justa e igualitária.
Reafirmamos nossa luta em defesa de todas as nossas
vitórias e por tudo que ainda temos que conquistar!!!
Viva as mulheres! Viva o 08 de março! Viva o povo
brasileiro!
Por um mundo de igualdade contra toda a opressão!
União Brasileira de Mulheres
Fonte: http://www.ubmulheres.org.br